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Fuga Inútil - 2



EU TENTEI MATAR A DOR
MAS APENAS TROUXE MAIS
EU COMECEI A MORRER
E ESTOU SANGRANDO, REMORSO TRAIÇÃO
ESTOU MORRENDO, SUPLICANDO, SANGRANDO E GRITANDO
ESTOU TÃO PERDIDA ASSIM PARA SER SALVA?
ESTOU TÃO PERDIDA ASSIM?

Eu não agüentava mais... A dor me consumia dia após dia; era grande e intensa demais... Não dava mais para suportá-la! Só quis por um fim em tudo! Acreditei que pondo um ponto final em minha vida estaria livre de todo aquele sofrimento maldito! Acreditava que nada mais me atormentaria, que nunca mais iria chorar, afinal eu não estaria mais viva!

Mas o que fiz não foi um fim para meu martírio e sim a entrada para mais dor... Tudo deveria ter acabado no momento em que me matei. Não deveria existir mais nada... Não deveria haver mais dor! Entretanto, quando abri os olhos após minha tentativa frustrada de fuga, descobri que o fim, o nada tão ansiado, não existia.

Agora dói mais do que antes... O sofrimento no qual estou imersa, e que mergulho cada vez mais fundo a cada instante - contra minha vontade – é infinitamente maior do que o que experimentei em vida.

Toda hora, a cada instante, os últimos segundos me que estive viva invadem minha mente, independente da minha vontade. Tento de todas as maneiras pensar em outra coisa, em arrancar essas cenas malditas de minha mente, no entanto, é impossível! É muito mais forte do que aminha vontade! Fico no limite da loucura sempre que isso acontece – e isso acontece sempre...

Vejo – mesmo não querendo – a lâmina traçando uma profunda linha em meu pescoço. Tapo meus ouvidos inutilmente, mas mesmo assim ainda consigo ouvir o pavoroso do metal brilhante e afiado cortando minha carne. Posso sentir o sangue abandonando meu corpo numa velocidade assustadora. Não consigo respirar... O ar não entra mais em meus pulmões... Só dura alguns segundos, mas é uma situação horrível! É como se eu estivesse morrendo novamente... É a mesma dor... Até o mesmo frio da morte, que me envolveu naquele momento, toma conta de meu espírito quando essa lembrança me possui.

Quando dou por mim, estou caída novamente, da mesma forma que aconteceu no dia em que tentei acabar comigo mesma. E isso não acontece esporadicamente. É constante. Estou condenada a este castigo por toda a eternidade. Mal me ponho de pé, o pesadelo invade minha mente.

Nos meus rápidos momentos de lucidez, pude ver que estou em um lugar deserto, de terra seca e cheia de rachaduras. Não existe qualquer planta, a não ser algumas arvores mortas de galhos retorcidos. O céu daqui é sempre negro, a noite é eterna...

Também pude ver que não estou sozinha. Vi milhares de pessoas ao meu redor, condenados iguais a mim. Todos tem ferimentos horríveis, sempre sangrando, assim como o meu sempre sangra. Posso ouvir seus gritos de dor e desespero. São muitos gritos que contribuem ainda mais para o me martírio.
Esse lugar é triste, deprimente e assustador. Se eu ao menos imaginasse que era isso que eu teria quando me matasse, nunca teria nem ousado em pensar naquilo! Nunca, nem mesmo com a pior das dores, iria querer vir para um lugar como esse.... O Vale dos suicidas...

Tento andar, na vã esperança de encontrar uma saída. Só que estou fraca demais pra isso... Meus pés não suportam meu corpo. Mal dou dois passos e caio de joelhos.

Meu cabelo está bagunçado, meu vestido está manchado de sangue e sujo de terra. Olho no horizonte, mas a paisagem não muda em nada. Tudo diante de mim é morto e triste. Não há qualquer esperança de perdão.... Vai ser assim pra sempre.

Estou profundamente arrependida! Sei que trai Deus por ter acabado com a vida que ele me deu, não tive fé Nele. Errei, pequei, mas realmente estou arrependida. Se eu pudesse voltar no tempo...

Lágrimas de remorso sempre correm por meu rosto. Será que elas não tocam o coração dos Anjos que poderiam interceder por mim? Será o suicídio a única falta que, mesmo com o arrependimento sincero, não merece o perdão de Deus? Ah não...Não pode ser! Estou me vendo novamente, correndo em direção da igreja...

Fuga Inútil - 1

Só preciso fechar meus olhos para que tudo o que aconteceu se passe diante de meus olhos como um filme. Um filme que persiste me atormentar sem cessar.

Para todos, aquele era um dia de alegria e que tinha que ser mais que festejado. Mas pra mim não. Aquele dia não podia ter nascido. Aquilo não podia estar acontecendo de verdade... Não queria acreditar que naquele dia o estaria perdendo pra sempre.

Vejo-me correndo desesperada, quanto meu vestido e meus cabelos esvoaçavam ao capricho do vento, ao mesmo tempo em que chorava como nunca havia chorado antes. Corro em direção a uma igreja não muito grande, mas que si que nunca conseguirei esquecê-la – pois ela povoa meus pesadelos.

Lá estou eu com os olhos vermelhos e inchados, rosto coberto de lágrimas, paralisada com o que estou vendo. No altar, meu grande e único amor, aquele por quem eu daria a minha vida, estava se casando com outra... Não! Era comigo com quem ele deveria estar se casando! Era eu quem deveria estar ao lado dele, usando o mais belo vestido branco, não aquela mulher! Aquele era pra ser o dia mais feliz da minha vida e estava sendo o do meu maior martírio!

A dor daquele momento ainda vive dentro de meu peito. Posso sentir meu coração apertado, minha garganta seca e todo o desespero que tomou conta do meu corpo, tal como uma erva daninha; da mesma forma, com a mesma intensidade que senti naquele instante.

Todos os presentes voltaram seus olhos pra mim, inclusive os noivos. Aquela era mais uma das minhas tentativas, a mais insana de todas, de fazê-lo enxergar que era eu quem o faria feliz por toda a vida; que ninguém o amava tanto quanto eu, que o venerava mais que o próprio Deus. Na verdade, aquela seria a última tentativa.

Tudo é tão real, tão vivo, que parece que aconteceu à poucos minutos quando na verdade já se passou tanto tempo...tantos anos...

Agora estou caminhando pelo mesmo tapete que a dona da minha infelicidade caminhou bela e sorridente. Parei a poucos passos dos noivos, com o espírito em frangalhos e o coração destruído. Eu não agüentava mais aquela situação; não havia mais forças pra lutar e a dor era grande demais pra ser suportada. Tinha que por um fim naquele sofrimento de qualquer maneira.

Posso ouvir minha voz tão claramente em minha cabeça que mais parece que ela está passando por meus ouvidos... Gritando a plenos pulmões, com a voz carregada de dor e desespero, o quanto o amava, o quanto ele seria feliz ao meu lado, o quanto era fundamental e indispensável na minha vida...

Mas tudo era em vão... Mesmo estando ali, abrindo meu coração, desnudando minha alma, me humilhando na frente de todos, não consegui aquilo que eu tanto desejava.
Ele me diz – lembrar de cada uma daquelas ainda me ferem como se fosse punhais entrando em minha carne – que não queria ter me ferido daquele jeito, que nunca quis que eu me iludisse, nem queria ter me deixado daquele jeito; que ficava honrado por saber que existia alguém que o amava tanto e ao mesmo tempo ficava triste por não poder corresponder aquele sentimento, me pediu perdão por ter me machucado e desejou que eu fosse feliz...

“Como quer que eu seja feliz sem você?!”, gritei fora de mim, “Como acha que eu posso continuar vivendo sem o seu amor?! Não agüento mais ! Não suporto mais isso! Estou cansada de sentir essa dor a todo momento de chorar todos os dias! Se não posso viver ai seu lado, se não sou cara ao seu coração, prefiro colocar um fim nisso tudo!”

Sem que ninguém esperasse, tirei um punhal de dentro de meu vestido. Todos me olharam espantados, com a certeza imaginando que eu cometeria uma loucura contra meu grande amor ou contra a noiva dele. Tolos! Nunca faria algo contra a vida de outra pessoa... Quanto mais a dele...

“Adeus meu único e grande amor”, falo com lágrimas nos olhos e encostando a lâmina fria em meu pescoço, “Estou no limite da dor e não agüento mais conviver com ela...Não quero mais chorar! Preciso por um fim nesse sofrimento de uma vez por todas!”

Após olhar nos olhos dele pela última vez, cerro minhas pálpebras . Respirei profundamente – talvez para a coragem não fugir de mim com minha expiração – e com um único movimento faço um corte profundo em minha garganta.

A agonia é rápida... a dor não é tão insuportável...

Lá estou eu, caída no chão, com meu vestido banhado por meu próprio sangue. Morta...

Mas ao contrário do que eu acreditava, toda a dor que eu senti não acabou em meu último suspiro.
Para meu desespero, foi a partir do meu desenlace que o verdadeiro sofrimento começou....

Primeiras Linhas

Por muito tempo relutei em escrever um diário, já que não considerava minha vida movimentada ou interessante o bastante para colocá-la num amontoado de papel; sem contar que eu tinha certeza que o tempo que eu perderia escrevendo sobre minha monótona vida poderia ser melhor usado para que eu escrevesse meus textos e meu livro.

Essa minha linha de raciocínio acabou indo de água abaixo em outubro do ano passado(mais precisamente na véspera do meu aniversário), quando comecei a escrever um diário. No começo eu tinha certeza que logo ficaria cansada daquilo, deixaria de lado e só me dedicaria aos meus textos e livros; entretanto, olhando um pra trás, sou sincera ao dizer que hoje me arrependo de não ter começado um diário antes. Colocar minha vida no papel, desabafar meus problemas e receios, registrar meus momentos de alegria e confidenciar meus devaneios (por mais insanos ou promíscuos que eles sejam às vezes) tem me feito um bem enorme. Não exagero ao dizer que tem sido uma ótima terapia e que tem me ajudado muito; e também não exagero ao dizer que não consigo mais me ver sem escrever meu diário.

Assim como a idéia do diário não me era interessante, fazer um blog então era algo fora da minha realidade. “Pra quê colocar minha vida na internet?”, argumentava; “E se não for pra colocar a minha vida, o que eu vou escrever lá? Não, não vejo graça em blogs, isso não é pra mim”. E como pode ver, da mesma maneira que minha visão quanto a um diário mudou, o mesmo aconteceu com a criação e desenvolvimento de um blog, também mudou.

E o que provocou essa mudança? Não estou cem por cento certa, mas posso quase afirmar que foram duas coisas:

Primeira: Jonas( um amigo que tive o prazer de conhecer pela internet, através da comunidade do Nightwish) escreve poemas lindos, profundos e cativantes, os quais não há um que eu não goste. Ele criou a comunidade “Uivos para Anjos e Mortais” no Orkut com a finalidade de divulgar seus poemas pra quem quisesse lê-los. Vendo a comunidade e os poemas dele lá, sempre recebendo elogios e comentários construtivos, despertou em mim o desejo de “copiar a idéia” e criar uma comunidade para postar meus textos. Entretanto o desejo não foi forte o bastante para derrubar o paradigma “Não quero ter um blog”.

Segunda: arrumando minhas gavetas uns dias atrás, acabei encontrando vários textos que eu havia escrito. Sou suspeita para falar, mas sou sincera quando digo que o material é bom, tão bom que me fez pensar “Por que as pessoas não lêem?”, “Por que estão guardados na sua gaveta e não em um lugar que ela podem encontrá-los”, foi a resposta que dei a mim mesma.

Os textos em minhas mãos fortaleceram o desejo despertado pela iniciativa de Jonas. Fortaleceu a tal ponto que o “Não quero um blog” sucumbiu à sua força e “A escritora e o Pêndulo” nasceu.

Aqui pretendo colocar os tais textos que estão guardados na gaveta e ainda escrevo(embora com uma freqüência menor que a de antes) para que amigos, conhecidos e pessoas que eu não faço a menor idéia de quem sejam, possam conhecer um pouco do meu lado escritora, ou seja, que conheçam minha verdadeira essência.

Se eu demorar a postar algo, por favor, não pensem que abandonei o blog(se um dia eu fizer isso, prometo avisar). Devo também dizer que meus textos estão manuscritos e que deverei digita-los aos poucos para coloca-los aqui. Será um pouco trabalhoso, mas sei que vai valer a pena(pelo menos pra mim valerá).

Então, à partir de hoje, está oficialmente criado e aberto o blog “A escritora e o Pêndulo”.

SEJA BEM-VINDO.