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Sob a Chuva - 4

-Amor? – indagou ele um pouco hesitante, segurando a mão da moça.

-Chuva – respondeu a rainha voltando-se pra ele, com um sorriso luminoso, sem qualquer resquício de melancolia. Era como se a própria felicidade estivesse sorrindo.

O rapaz não entendeu o que ela estava querendo dizer com aquilo, tão pouco entendia por que sua esposa levantou da cama e começou a caminhar na direção à porta da varanda. No entanto, ouvir “chuva”, no lugar de “Victor” desfez o bolo em sua garganta com a mesma rapidez com que ele havia aparecido.

Mas... O que ela estava fazendo? Por que estava indo para a varanda, debaixo daquela chuva, ficando toda molhada? Esperou que ela voltasse pra descobrir o por quê daquilo, no entanto ela não voltou... Ficou ali parada como a estátua de uma deusa sendo banhada pela chuva, sem se incomodar... Na verdade, parecendo adorar estar ali... Linda... Natural... Livre... Plena...

“Só indo lá pra descobrir”, pensou o monarca, começando a se levantar da cama, Depois de dar alguns passos, é que foi se dar conta que ainda estava segurando a almofada que cobria seus países baixos. Por um momento ficou na dúvida se deveria continuar escondendo toda sua empolgação ou se poderia se livrar daquilo “Ah, pelo amor de Deus!”, repreendeu a si mesmo, “Ela já é sua esposa, não tem por que ter vergonha dessas coisas!”

Pra sua surpresa, a chuva não estava fria; ao contrario, a temperatura era agradável, confortante... De certa forma, era até relaxantes sentir os pingos de chuva batendo em sua pele... Chegando onde a moça estava, envolveu-a pela cintura, colando seu corpo ao dela e precisando se concentrar pra não arrastá-la de volta pra cama, tamanho o desejo de amá-la queimava seu corpo.

Giovana se deixou envolver pela mágica sensação da chuva acariciando seu corpo ao mesmo tempo que estava envolta naqueles braços fortes e ternos, e sentia o calor do corpo dele colado ao seu. Fechou os olhos, não querendo pensar em mais nada a não quer aquele momento.

Ergueu o rosto, deixando que os pingos de chuva caíssem por toda sua face, como um carinho delicado da mãe natureza... E junto com os pingos, veio os lábios de Lisandro, tocando os seus com doçura e delicadeza; como se fosse uma criança protegida de qualquer mal, qualquer ameaça... Nos braços de Lisandro nada poderia atingi-la, nem machucá-la... Só havia proteção. Proteção, carinho, fidelidade, cumplicidade, alegria, amor...

Continuou com os olhos fechados, mergulhando mais e mais naquele momento, deixando-se embalar pelo som da chuva misturado a respiração compassada do licantropo maravilhoso que estava abraçando.

-Amor?

-Sim?

-Posso saber no que você estava ou ainda está pensando? E por que você veio pra chuva?

-Eu estava pensando que minha vida é mercada pela chuva – respondeu Giovana num sussurro. – No dia que voltei pra Eternia, chovia bastante no Rio. Quando subi ao trono pela primeira vez, estava chovendo... O dia que te encontrei, chovia torrencialmente... Quando você finalmente voltou pra palácio depois de eu pensar que você estava morto, chovia; pouco, mas chovia. E naquele mesmo dia, trocamos nosso primeiro beijo... Hoje... Bem, hoje é meu primeiro dia de casada; o primeiro dia da nossa união, e olha quem está presente mais uma vez... Isso mesmo, a chuva. Parece que os dias mais inesquecíveis da minha vida são marcados pela chuva. Então, não sei por que, me deu vontade de vir pra cá, ficar debaixo da chuva...

-Acho que entendo o quê quer dizer – sussurrou Lisandro beijando a testa da moça e continuou. – Nossa vida é abençoada pela chuva e nunca tivemos noção do quanto ela é maravilhosa...

-Não sei se pensei nisso conscientemente; apenas sei que senti uma necessidade absurda de estar aqui na chuva, junto com você...

Lisandro beijou sua testa mais uma vez e apertou um pouco mais os braços em torno dela, ficando em silencio e concentrando-se na sensação de ter aquele corpo molhado e quente colado ao seu...Chuva...A vida deles não era marcada pela chuva e sim abençoada... Já havia admirado algumas vezes a serenidade de um dia chuvoso e se surpreendido com a fúria de uma tempestade. No entanto, nunca tinha dado atenção o bastante pra ver o quanto aquilo era maravilhoso. Ainda mais estando com o seu maior sonho em seus braços, tendo sido transformado em realidade.

Giovana virou-se de frente para o marido, abraçando-o apertado, moldando seu corpo ao dele, com tal perfeição que mais parecia que um havia nascido pra completar o outro. Repousou a cabeça sobre o peito do rapaz, podendo sentir as batidas - um tanto aceleradas – do coração dele. Um coração que batia por ela, assim como o seu batia por ele... Começou a correr as mãos pelas costas de Lisandro, carinhosamente e ao mesmo tempo querendo que aquele gesto por si só dissesse o quanto o desejava, o quanto o queria...

Pôde sentir as mãos dele começarem a explorar suas costas, ao mesmo tempo que beijos lânguidos eram dado em seu pescoço... A excitação e o desejo já corriam livres e loucos por cada parte de sua pele,que não só amava como implorava por mais daquela sensação maravilhosa.

-Giovana? – sussurrou o rei ao ouvido dela. Sua voz era baixa, um pouco rouca, languida... Fazendo com que ela estremecesse um pouco.

-Sim, amor?

-Quer ter mais um momento inesquecível abençoado pela chuva?

Não era preciso pensar nem por cinco segundos para entender o que Lisandro queria dizer com aquela pergunta, e em resposta, ficou na ponta dos pés para assim apossar-se dos lábios dele com paixão e luxuria, dizendo através daquele gesto mudo que pertencia a ele e que poderia fazer dele o que quisesse.

Quando deu por si, já que estava no chão da varanda, não mais sentindo a chuva, mas sim o calor do copo molhado do eterno amor da sua vida sobre o seu...

Sob a Chuva - 3


Lisandro observou a rainha caminhando lenta e graciosamente até a mesa onde estava a refeição, sem deixar de admirar a nudez da mesma. Não era só por ser sua esposa ou por que a amava além de sua compreensão, mas o corpo dela era hipnotizante. Parecia uma escultura viva de tão perfeita; não havia defeitos; tudo era harmonioso entre si, desde a proporção instigante de sua silhueta até o contraste perfeito da alvura de sua pele, com o castanho escuro de seu cabelo.

Sentiu uma onda quente de excitação começando a correr por seu corpo, diante da visão que estava diante de seus olhos. Como alguém podia ser tão meiga, tão doce e ao mesmo tempo tão sensual e provocante? Estaria ela andando nua pelo quarto intencionalmente para instigá-lo ou estava fazendo aquilo sem malicia nenhuma? Não tinha resposta para aquelas perguntas, só sabia que a visão de sua esposa nua era-lhe tão provocante que precisou colocar uma almofada por cima de sua parte intima para cobrir sua excitação.

-Nossos planos de cavalgar mais tarde estão indo de água a baixo, literalmente – comentou ela, enquanto colocava uma variedade de coisas gostosas na bandeja. – Pelo barulho da chuva, parece que não vai parar tão cedo. Se duvidar vai chover o dia todo.

-Não me incomoda nenhum pouco em podermos ficar no quarto praticamente o dia todo – comentou o licantropo com um sorriso travesso, com um toque de malícia. – Um dia de chuva é perfeito pra ficar na cama, debaixo das cobertas...

-E pela forma como você está falando, será pra fazer tudo, menos dormir...

-E pra estar andando nua pelo quarto, sou capaz de apostar minha cauda, que você achou a idéia ótima.

-Desde quando você aprendeu a ler mentes e não me contou?

Ambos riram gostosamente um do outro. Giovana levou a bandeja pra cama, para comer junto com o marido – que também deveria estar com fome – e enquanto caminhava, sentia os olhos do marido apreciando-a, como se estivesse vendo o ser mais belo e perfeito da Criação; ansioso por tocá-la e amá-la intensamente como havia feito à primeira vez... Será que ele não tinha consciência da própria beleza? O quanto seu corpo atlético e viril era provocante e a como perfeição de seu rosto afloravam a os instintos de qualquer mulher? Quantas vezes havia visto inúmeras mulheres devorando-o com os olhos quando ele passava... Ele poderia ter tido todas que quisesse, quantas vezes desejasse; mas ele só quis uma, só desejava ela...

Ambos comeram em silencio, não achando necessidade de trocarem qualquer palavra; deixando que seus olhares, sorriso apaixonados e caricias ternas falassem por si só.

Lisandro estava na quinta fatia de bolo ( só àquela hora foi se dar conta o quanto a euforia do casamento o fizera comer pouco no dia anterior) quando notou que Giovana estava olhando fixamente para a janela, não com o olhar fixo de quem está observando algo, mas com o olhar que vago de quem estava com pensamento bem distante dali.

Já havia visto aquele olhar outras vezes. Já fazia algum tempo que não o via, mas ali estava ele novamente. Sentiu seu estômago despencar e uma onda fria de medo correr sem piedade por suas veias e uma onda fria de medo correr por suas veias e se enraizar no seu coração. Sempre que a via com aquele olhar e perguntava no que ela estava pensando, quase sempre a resposta era a mesma.

Por isso mesmo o medo surgiu. Queria saber onde o pensamento dela estava, e ao mesmo tempo tinha o receio quase irracional de ouvir o que não queria. Claro que deveria estar mais confiante. Ela já havia falado milhares de vezes que o amava, estava casada com ele, entre outras milhares de coisas que deveriam lhe dar a certeza que Giovana havia esquecido Victor definitivamente... Mas ainda assim...

CONTINUA...

Sob a Chuva - 2

-Bom dia majestade – disse sorrindo ao separar os lábios dos da esposa. Começou a deslizar as mãos pelo corpo de curvas harmônicas e tentadoras; ora pelas costas, ora pelos contornos da cintura.

-Majestade? – indagou ela com um aro divertido. – Amor, desde quando nos conhecemos eu disse que não precisava desse formalismo quando estivéssemos à sós; agora que estamos casados não tem por que me chamar assim nem na frente de outras pessoas.

-É a força do hábito – disse Lisandro se deixando contagiar pelo sorriso de Giovana (aquele sorriso sincero e cristalino que ele amava tanto); acariciou seu rosto e continuou.- Bom dia, minha esposa linda.

-Bom dia amor – e dando um selinho no marido continuou. – E já que estamos falando em títulos, qual é a sensação de acordar agora sendo rei dos Licantropos?

-Sinceramente, isso ainda não tinha passado pela minha cabeça. Não desmerecendo o titulo, mas a coroa que deve estar caída em algum lugar do quarto, tem um valor quase insignificante comparada a aliança que está no meu dedo – pôde ver o sorriso dela ficar ainda mais largo e os olhos prateados brilharem com duas jóias sendo tocadas pelo Sol. – Ainda estou extasiado demais com o fato de ser seu esposo pra pensar em qualquer outra coisa.

Ouvindo aquela declaração tão sincera, foi impossível pra Giovana impedir que seus olhos ficassem marejados. Ela já sabia que Lisandro a amava, sem que ele dissesse nada. Desde a primeira vez que seus olhos dele se cruzaram com os seus, sabia que ele a amava incondicionalmente. Mas ouvi-lo dizer aquelas palavras e ver em seus olhos dourados toda a intensidade daquele amor... E pensar que por tanto tempo negara aquele amor, acreditando que não o merecia...

Aproximou seu rosto do de Lisandro e começou a beijar a face dele várias vezes, em toda sua extensão, como se quisesse presentear seus próprios lábios com cada detalhe daquele rosto... Testa, bochechas, olhos, ponta do nariz, queixo... Tudo feito com delicada e lentamente; sem qualquer pressa, tornando cada segundo um momento mais que precioso.

Em seguida, beijou seus lábios, doce e languidamente, apreciando o sabor e o calor dos lábios dele; que mesmo já o tendo beijado tantas vezes, ainda conseguia sentir como se o estivesse beijando pela primeira vez.

Aos poucos, aprofundou mais o beijo, tornando-o mais apaixonado, sentindo Lisandro acompanhando seu ritmo, beijando-a com a mesma paixão... com a mesma necessidade... As mãos dele correndo por seu corpo, carinhosas e ao mesmo tempo lascivas, fazendo com que um arrepio de excitação corresse por cada célula do seu corpo...

Lentamente, diminuiu a intensidade do beijo, e ao separar seus lábios dos dele, sussurrou ao seu ouvido:

-Você não tem idéia do quanto amo você...
-Realmente não tenho – começou Lisandro, sentindo o hálito quente da respiração de Giovana em sua pele e adorando a sensação que aquilo provocava. – Mas se for pelo menos metade do amor que sinto por você, então estou mais do que satisfeito...

-Isso prova que realmente não tem idéia do quanto eu te amo – disse a moça dando um selinho no marido e saindo de cima dele.

-Pra onde você vai? – indagou o rapaz quando a garoa saiu de cima de si e abriu as cortinas do dossel.

-Pegar comida pra gente. Não sei de você, mas eu estou faminta.

CONTINUA...

Sob a Chuva - 1



Uma suave e fria corrente de ar adentrou por entre as cortinas do dossel, tocando as costas nuas de pele alva e delicada, provocando-lhe um pequeno arrepio, fazendo com que a moça despertasse.

Como de costume, não abriu os olhos logo que voltou a si, deixando que seus outros sentidos acordassem primeiro. Seus ouvidos captaram o barulho da chuva forte no telhado e na varanda do quarto; seu olfato sensível foi invadido por uma infinidade de cheiros(terra molhada , as flores do jardim do palácio, a refeição que estava sob a mesa, um licantropo...); em seu paladar ainda havia o maravilhoso e inconfundível sabor do beijo de Lisandro; e em sua pele sentia o doce calor do corpo maculo e viril sobre o qual estava deitada, braços fortes envolvendo-a num gostoso abraço.

Suspirou profundamente, aninhando-se mais ao rapaz, sem evitar que um sorriso de felicidade incalculável se forma-se em seu rosto. Estava feliz. Muito mais do que imaginou que seria algum dia. Talvez até mesmo a palavra felicidade não fosse o bastante para definir aquele sentimento maravilhoso que dominava todo seu ser.

E pensar que até pouco tempo atrás, tinha certeza incontestável que nunca conseguiria esquecer seu primeiro grande amor, que não amaria ninguém além dele... Boba! Além de tê-lo esquecido, havia encontrado alguém por quem sentia um amor infinitamente maior; muito maior do que podia explicar ou mesmo entender. Lisandro sim era seu verdadeiro e grande amor. E o melhor de tudo era a certeza incontestável que era amada com a mesma intensidade.

Ergueu um pouco a cabeça e ao abrir os olhos pôde admirar o belo rosto de seu esposo, no qual havia um discreto, mas perceptível sorriso de satisfação. Também, depois da noite espetacular que tiveram, ela mesma devia estar com um sorriso de boba alegre. Se amar e ser amada era uma das melhores coisas que podiam existir no universo, fazer amor com o ser amado era impossível de ser descrito.

Começou a cariciar o rosto dele com as pontas dos dedos – suavemente para não acordá-lo – ao mesmo tempo que admirava cada detalhe daquela face de traços tão harmônicos . Como ele era lindo... Perfeito! Poderia passar a eternidade daquele jeito: nos braços do homem que amava, apenas admirando sua beleza e embalada pelo som da sua respiração.

De repente as pálpebras dele se abriram, revelando os intensos olhos dourados do licantropo que ao cruzarem, pareceram sorrir.

Ver aquele rosto alegre, de traços ainda um pouco infantis, emoldurados por longas madeixas castanho escuras, encheu o peito de Lisandro de uma felicidade tão completa, que o rapaz tinha a sensação que poderia acabar explodindo. Era a melhor visão que poderia desejar ter ao acordar; e pensar que a partir daquele dia aquele rosto seria a primeira coisa que veria ao despertar, fazia com que o sentimento que inflava seu peito se torna-se m algo quase palpável.

Ainda era difícil de acreditar que estava realmente ali, Giovana em seus braços; que ela havia se tornado sua esposa e tinham partilhado uma noite maravilhosamente inesquecível. Já havia sonhado com aquilo tantas vezes... Estaria sonhando novamente? Não... Aquele corpo de pele macia por cima do seu era rela demais pra ser só um sonho.

Levou a mão até a nuca da garota, sentindo os fios sedosos sob seus dedos para trazer o rosto dela pra junto do seu e assim unirem seus lábios num beijo apaixonado.


CONTINUA...