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Meu Peter Pan

Num dia comum, que não prometia nada de especial, eis que ele apareceu na minha janela. Com os olhos celestes e travessos, cabelos como o trigo tocado pelos primeiros raios de sol, sorriso largo e sincero, impossível não simpatizar com tão encantadora criatura.

A cada dia que ele aparecia, mais ele me fazia sorrir.

Quando era necessário, secava minhas lágrimas.

Ele iluminou meu mundo, que até então andava tão frio e desolado. Foi como o sol após dias de chuva, enchendo a paisagem de vida.

Desde que ele apareceu, nunca mais fechei a janela. E passei a todos os dias esperá-lo.

Em pouco tempo, se tornou algo tão indispensável em minha vida, quanto o próprio ar.

Só eu sei o quanto meus dias eram cinzas quando não via o azul de seus olhos.

E eis que o inesperado aconteceu: sem que eu esperasse, pra conhecer seu lar ele me convidou.

Aquele convite me encheu de alegria, e ao mesmo tempo me fez tremer de medo.

Ir para um lugar desconhecido, o lugar dele? E se eu não quisesse mais voltar? E se ele não me quisesse por lá pra sempre?

Sim, eu estava com medo de querê-lo só pra mim... De mais uma vez desejar algo que acabaria não sendo meu.

Mas... por quanto tempo eu continuaria tendo medo? Pelo resto da minha vida? Nunca mais arriscar?

Respirei fundo e me perguntei se não valia a pena a correr o risco. Bastou olhar naqueles olhos tão profundos... Sim, valia a pena. Eu passaria por qualquer tempestade, se pudesse viver um dia de sol ao lado dele.

Com um sorriso, segurei sua mão e juntos fomos pra a Terra do Nunca.

E, sem exagero, digo que foi um dos dias mais maravilhosos que já vivi em toda minha vida. Tudo estava tão perfeito, que parecia um sonho; eu estava tão feliz, que parecia estar vivendo o mais perfeito conto de fadas. Foi surpreendente ver o quanto ele conseguia ser mais impressionante do que eu já sabia que ele era. Por um dia, eu tive um príncipe e vivi como uma princesa.

Mas, só por um dia... Mas um dia que valeu por toda uma vida.

Eu não podia ficar ali pra sempre; Peter não nasceu pra ficar preso a ninguém, mas sim para encantar a todos com sua eterna juventude.

Eu só fui mais uma que se fascinou com seu encanto, mas uma das poucas que teve coragem de se levar pela mágica que emana dele.

Por mais que fosse encantador ficar li, por mais que eu me sentisse completa e feliz ao seu lado, eu tinha que ir embora pra casa. Tinha que voltar antes que a mágica que havia naquele momento se perdesse.

Então, com uma dor assoladora e prendendo as lágrimas, me despedi daquele que me fez sonhar novamente.

Não foi um adeus, e sim um até logo.

Pelo menos, era isso que eu pensava.

Suas visitas continuaram, mas com menos freqüência.

Provavelmente eu estava perdendo o algo que o fazia vir sempre...

Até que, ele parou de vir.

Dias e mais dias se passaram... Dias e mais dias eu esperei... Afinal, nem mesmo nos despedimos. Ele tinha que voltar mesmo que fosse pra me dizer adeus.

A janela ainda está aberta.

Ainda tenho a esperança de que aquele azul jovial surja nela novamente, e mais uma vez me convide pra Terra do Nunca.

Não quero muito, um só dia como aquele já basta.

Mas... Por quanto tempo continuarei esperando?

Pra sempre é tempo demais, até mesmo pra esperança de vê-lo de novo.

Ela está aberta hoje, estará amanhã, e por um bom tempo permanecerá assim e todas as noites será meu objeto de atenção e veneração...

Até o dia que algo consiga ser mais forte que o desejo de reencontrá-lo.

Neste dia, a janela perderá sua importância.

O cativante menino não passará de uma lembrança...

Oh, Peter Pan! Peço que volte logo, que me dê só mais um dia na terra onde o ontem e o amanhã não existem...

Apareça logo, antes que eu canse de esperar... Antes que alguém se torne mais importante que você.

Antes que a janela seja pra sempre fechada.

E se...

E se eu dissesse que não me importo?
Que não ligo que o sentimento não seja mútuo
Que o quê sinto é forte o bastante por nós dois
Que é o suficiente pra me fazer querer estar do seu lado pra sempre?

E se eu falasse que suportaria tudo?
Que aguentaria outros cheiros em sua camisa
Que não reclamaria das suas solitárias saídas
Que não choraria por na sua cama estar e desejada não ser

E se eu estiver disposta a pagar o preço?
O preço de nunca ser vista mais do que uma boa amiga
O preço de saber que seu coração nunca será meu
O preço de ter um símbolo morto na destra e que ele não passará de uma mentira

E se eu afirmasse convictamente que é essa a vida que eu quero?
Que é ao seu lado que eu quero sempre estar
Que não me importo de ser uma fachada pro mundo
Que faria isso para que seu segredo fosse eternamente guardado

E se eu pedir pra ser sua, mesmo que de mentirinha?
Aceitando e suportando tudo, absolutamente tudo.
Afirmando que estar ao seu lado já era mais que o suficiente
Que o brilho dos seus olhos seria o sol dos meus dias
E a sinceridade do seu sorriso o pilar da minha felicidade eterna

E se eu disser tudo isso?
Você me deixaria ficar do seu lado...
Pra sempre do seu lado?