RSS
Write some words about you and your blog here

Em Teus Braços

Antes de começar a falar (ou seria escrever?) como surgiu a idéia pra escrever “Em teus braços”, assim como o por quê de escrevê-lo, preciso contar algo primeiro.

Como não deve ser do conhecimento de muitos, há alguns anos venho escrevendo a saga de uma aventura vivida por um grupo de adolescentes contra seu antigo inimigo da reencarnação passada. Devido a extensão, acabei dividindo-a em três livros que são: “Stones – O mal surge, o bem renasce”, “Stones – O homem por trás da mascara”, “Stones – Representante de Tenebros”.

Enquanto estava reescrevendo o primeiro livro, acabou surgindo a inspiração pra uma nova aventura, passados alguns anos depois, com os heróis já adultos diante de um desafio ainda maior e inimigos ainda mais malignos.

A idéia me pareceu muito boa. E enquanto eu continuava a escrever, as engrenagens da minha cabeça trabalhavam no que viria depois de tudo aquilo: como cada herói estaria e, claro, como seriam os vilões e objetivos dos mesmos. E pouco a pouco, os pontos principais da nova saga, sob o título “Stones – Redespertar dos Deuses” foram devidamente anotados na minha cabeça (é bom que nunca aconteça nada de grave com a minha cabeça, pois tem muita coisa nela que eu ainda não consegui tempo para colocar no papel).

E entre todas as anotações mentais, estão aqui, no momento, são as que mais prendem a minha atenção: os relacionamentos entre alguns dos vilões, que não serão nada mais, nada menos do que os antigos Deuses do Olímpio. Não entrarei em mais detalhes, pois não quero estragar a surpresa para meus prováveis futuros leitores.

O relacionamento mais complicado e, ao mesmo tempo mais instigante, é o triângulo amoroso que envolve: Hades, Caronte e Atena. Que na verdade é quase um quadrado, já que Hades é perdidamente obcecado por Apolo, o traidor (só explico o porquê de “traidor” se me perguntarem). Explicando um pouco essa bagunça de forma resumida: Atena ama Caronte, que é loucamente apaixonado por Hades, que é capaz de matar qualquer um que ousar ferir Apolo, que por sua vez prefere ver o diabo dançando igual à Lacraia do que ter qualquer aproximação de Hades.

Complicado? Um pouco, mas posso explicar um pouco melhor:


*Atena e Caronte são amantes, e mesmo sabendo dos sentimentos do parceiro por Hades, a deusa da sabedoria não se incomoda. Ela é racional o bastante para passar por cima disso, se puder estar sempre ao lado dele.

*Caronte e Hades também são amantes, embora o deus da morte não dê qualquer importância aos sentimentos do fiel e servil rapaz. Ele sabe da relação entre Atena e Caronte, e não vê qualquer problema nela; tanto que às vezes gosta de se deitar com os dois – ele é a própria personificação da palavra “promiscuo”. O que sente por Caronte não passa de uma grande atração, que combinada aos sentimentos do outro, forma a típica relação: dono-cachorrinho.

*Hades e Apolo: como está “Em teus braços”, eram um casal quando Atena, Caronte e os demais “deuses” os conheceram. Apolo sabia das aventuras do parceiro e que adorava se aproveitar de Caronte, mas não se importava, pois já estava acostumado ao lado promíscuo do mesmo. No entanto, mesmo ficando com varias pessoas, Hades era devotado a Apolo e sempre dizia que o amava mais do que qualquer coisa.
E mesmo depois do evento que deu a Apolo o título de traidor, Hades ainda o quer de qualquer jeito. Ao contrario, Apolo só quer viver sua nova vida bem longe de todos os “deuses”.


Ficou um pouco menos embolado agora, né?

Fiquei com todas essas anotações há muito tempo guardadas dentro de alguma gaveta na minha cabeça até que, por esses dias, comecei a mexer nelas. E entre mexidas e remexidas, fiquei com Atena e Caronte martelando e eis que, quando eu menos esperava, uma “cena” do dialogo entre os dois começou a se desenrolar na minha tela mental e “puf” estava tudo pronto.

Corri para colocá-la no papel, para mostrar um pouco de como é o relacionamento entre Caronte e Atena, e como mesmo sendo incomum, como os dois se entendem e se aceitam no meio dessa bagunça toda.

Com ela pronta, claro que queria que os freqüentadores de “A escritora e o Pêndulo” dessem uma olhada e, claro, suas opiniões são sempre bem-vindas. Dependendo da aceitação, posso até mesmo usar essa parte no livro.

Obrigado a todos desde já.

E se quiserem fazer perguntas, por favor, fiquem a vontade.

Em Teus Braços

A biblioteca estaria entregue a total escuridão se não fosse pela luz da lua minguante que entrava pela janela. O luar que permitia uma visibilidade razoável para olhos de um humano e mais do que o suficiente para uma Imortal.

Atena estava deitada no sofá, lendo – com uma concentração quase inabalável – um livro de História; o mundo havia mudado muito desde que o conhecia como a palma de sua mão e queria voltar a conhecê-lo tanto quanto lhe fosse possível. Sua velha e secular sede de saber... Tão insaciável e antiga quanto sua sede por sangue.

Seus cabelos estavam tão graciosamente caídos nas almofadas que mais pareciam ter sido arrumados; cacho por cacho. O verde escuro de seu vestido contrastava com a palidez vampírica de sua pele e, ao mesmo tempo, combinando harmoniosamente com o castanho claro de seus olhos. Ali, tão à vontade e tão concentrada na leitura, conseguiria fazer com que qualquer um que a observasse, se perguntasse se Afrodite era realmente a deusa da beleza.

Absorvia as informações com uma facilidade e rapidez que lhe faziam jus ao título de deusa da sabedoria. Cada parágrafo era armazenado em sua memória como se estivessem sendo entalhados em pedra: nunca desapareceriam.

Estava mergulhada na leitura quando a porta foi violentamente aberta e fechada com um estrondo. Porém, com todo aquele estardalhaço, o visitante não conseguiu fazer com que Atena tirasse os olhos do livro; nem mesmo para que ela descobrisse quem havia entrado. Aquele cheiro e o barulho de seus passos, mesmo pesados pela raiva, eram inconfundíveis.

Ele sentou-se na poltrona que ficava de frente para o sofá no qual a vampira estava e afundou a cabeça nas mãos, tentando ordenar os pensamentos violentos e carregados de ódio para que não se transformassem em atos.

-O motivo de tamanha irritação é o que estou pensando? – indagou Atenas, após alguns minutos de silêncio, sem desviar a atenção da leitura.

-Se estiver pensando em Hades, acertou – respondeu Caronte, entre os dentes, sem levantar a cabeça.

-Como suspeitei... Posso saber o quê aconteceu dessa vez?

-Um humano... Ele está com um humano no quarto – começou Caronte após respirar fundo, erguer a cabeça e voltando seu olhar para a vampira que continuava lendo, aparentemente não lhe dando atenção.

-Até o momento não escutei nada que explique o porquê de você estar nesse estado.

-O humano parece uma cópia de Apolo! Hades estava deslumbrado com a semelhança entre os dois. Quando ele levou o rapaz para o quarto, comecei a acompanhá-los, como sempre fiz, e Hades foi bem claro ao dizer que queria ficar a sós com ele! Sempre que ele trás a presa pra casa, nós dois usufruímos antes de matá-lo! Por que hoje ele fez isso?!

-Não é preciso ser um gênio para saber a resposta: devido à semelhança entre esse rapaz e o objeto de obsessão dele, Hades simplesmente quis de certa forma reviver os momentos que tinha com Apolo. E se a memória não me falha, sempre que eles se divertiam juntos, você sempre era colocado de lado – falou ela tranquilamente sem qualquer pingo de cumplicidade com o companheiro. – Não consegui entender porquê está assim por causa de um simples humano que antes do raiar do dia, não será nada mais do que mais um na lista de vítimas de Hades.

-Mas não é óbvio?

-Não muito. Não sei se essa raiva toda é resultado de um ciúme, mais do que insensato, já que você deveria estar mais do que acostumado à personalidade de seu amante. Desde que o caminho de vocês se cruzaram, você sabia que não era o único homem com quem ele divide a cama e que Apolo sempre foi mais importante do que qualquer um... Ou será que essa raiva está sendo uma maneira inconsciente de mascarar seu medo de que, devido à semelhança física entre o humano e Apolo, Hades transforme o rapaz em um de nós?

-Um pouco dos dois. Sabe muito bem que a única pessoa que me faia ter ciúmes de Hades era o maldito Apolo! Vê-lo com aquele mortal me fez lembrar a época em que o Traidor vivia entre nós! E só de imaginar uma cópia de Apolo vivendo conosco, quase faz meu coração bater de tanto ódio!

-Descarto completamente essa possibilidade – comentou ela finalmente fechando o livro e encarando Caronte. – Ele quer Apolo a todo custo e não um substituto. Talvez ele o deixe vivo por mais alguns dias, mas torná-lo imortal? Impossível.

-Como pode ter tanta certeza?

-Experiência de séculos. Mas sabe, sempre achei curioso você ter tanto ciúmes de Hades com Apolo. Desde que os conhecemos, eles já eram amantes.

-Você já me perguntou isso milhares de vezes e respondi todas. Mesmo assim vou responder novamente: sinto ciúmes porquê Apolo tem de Hades algo que eu nunca tive, seu coração.

-Isso se ele tiver... – comentou Atena se sentando. – Duvido que Hades sinta amor por qualquer pessoa, até mesmo pelo deus do Sol. Ele é movido por luxúria e devassidão e não por sentimentos. O que acredito que ele sinta por Apolo não passa de uma obsessão secular e doentia.

-Creio que dessa vez você está enganada, minha querida Atena. Já cansei de ouvi-lo dizer que, mesmo com aquela traição imperdoável, ele ainda ama Apolo e o quer ao seu lado novamente.

-Palavras e nada mais... É comum escolhermos palavras erradas para expressar algo que sentimos.

- Eu amo Hades... Amo mais do que tudo.

-Não duvido – falou a vampira se levantando e caminhando na direção do outro. – Embora às vezes eu ache que o quê sente por ele é exatamente igual ao que ele sente por Apolo: uma obsessão secular e doentia.

-Atena, já falamos sobre isso várias vezes e sabe...

-...Como se irrita quando toco nesse assunto – completou ela após colocar o indicador sobre os lábios de Caronte para fazê-lo se calar. – Você veio aqui para que eu o acalmasse e não vou irritá-lo ainda mais.

-Lendo minha mente? – indagou ele ensaiando um sorriso. Ela estava certa. Sempre que ficava irritado a companhia de uma única pessoa conseguia acalmá-lo, e curiosamente essa pessoa não era Hades e sim Atena. Havia uma espécie de magia em estar ao lado dela, que conseguia fazê-lo ficar sereno... em paz...

-Não preciso ler mentes quando conheço o dono dela tão bem.

Falando aquilo, Atena segurou o rosto do Eterno rapaz com ternura e inclinou-se sobre ele para beijar seus lábios com doçura.

Caronte sentiu aquela sensação de paz invadir cada célula de seu corpo, fazendo com que se esquecesse do que o havia irritado. Atena... não era só a única que conseguia acalmá-lo em qualquer situação como também era a única mulher que conseguia passar por cima de sua homossexualidade. A única que despertava seu desejo pelo oposto.

Deslizou suas mãos pela silhueta delicada e curvilínea da deusa da sabedoria e, chegando a sua cintura, puxou-a para perto de si, fazendo com que ela se sentasse em suas pernas.

-Eu amo o cheiro de sua pele... – comentou ele enquanto beijava o pescoço da vampira languidamente, enquanto as mãos dela acariciavam sua nuca e deslizava por suas costas.

-Pelo menos há algo em mim que você ama – sussurrou ela enquanto sentia as mãos viris e ternas do imortal passeando por suas coxas.

-Atena – começou Caronte segurando o rosto da vampira, fazendo com que os olhos dela encontrassem os seus – você pode não ser a pessoa que eu amo, mas é a única mulher que eu quero ao meu lado.

Falando aquilo, Atena sorriu com uma malicia quase inocente, para em seguida entregar seus lábios aos de Caronte, ao mesmo tempo que sentia as mãos famintas do amante, tentando livrá-la de seu vestido.

Por trás da Pena

365 dias se passaram...

A primeira vez que peguei a lapiseira para rascunhar a primeira postagem do blog (é uma característica minha: preciso rascunhar qualquer coisa antes de digitá-la), ficava a todo momento me perguntando por que eu estava começando com aquilo. Um lado meu me dizia que, ao constatar o fato que praticamente nenhuma viva alma visitaria o blog e, conseqüentemente, o número de comentários seria quase nulo, eu ficaria completamente desestimulada a continuar postando e abandonaria “A Escritora e o Pêndulo”.

Entretanto, para a minha surpresa, o blog começou a ser freqüentado por pessoas que não são só meus amigos, como também – a maioria deles – gostam de escrever e tem um talento natural para o mesmo. Sempre que coloco algo novo por aqui, eles vêem, lêem e deixam seus comentários. Ver críticas sempre tão positivas de pessoas que escrevem tão bem, me incentivavam a querer continuar tendo um espaço virtual, onde eu pudesse mostrar a quem quisesse ler, uma das poucas coisas que sei fazer bem: escrever.

O tempo foi passando e eis que trezentos e sessenta e cinco dias se passaram. Quem diria... Um ano de blog! Um ano de coisas novas sendo escritas e encontrando outras que estavam perdidas na gaveta; um ano de comentários sempre positivos e construtivos; e, vejam vocês, até mesmo uma indicação de selo de qualidade do blog.

Por tudo isso e ainda mais por esse pequeno espaço ter se tornado uma das minhas poucas fontes de satisfação pessoal é que venho aqui não só comemorar como, acima de tudo, agradecer a todos os freqüentadores de “A Escritora e o Pêndulo” (desde os mais assíduos até os mais esporádicos), por todas as visitas, por todos os comentários, por todas as sugestões, por todo o carinho... Enfim, por tudo! Se não fosse pelo apoio de cada um, saiba que este blog não teria ido pra frente.

Muito obrigada de coração, a todos.

E, espero vir aqui agradecê-los muitas e muitas mais vezes.